A voz do outro

é a que me apresenta as canções, a que me coloca em consonância com elas, a que me leva a dar-lhes uma determinada forma e, com sorte, uma amplificação da sua essência.
Começo em geral por admirar o outro, o que a fez, onde foi ele buscar tal ideia?
Depois terei tendencia a gostar da ideia, porque em geral eu gosto do outro.
A partir daí tomo de assalto esse núcleo de significado musical e poético, faço dessa ideia uma pedra preciosa a cinzelar com cautela. Aproprio-me dela, levo-a comigo no sono e na vigília, e um dia aparece feita, vestida e transfigurada numa obra minha que me não pertence. É quase sempre um sentimento poderoso de conquista e de gratidão.
Toma, é para ti, digo eu ao outro.





Aqui em baixo tem uma Caixa de Música. Todas as canções nela contidas foram produzidas, arranjadas e dirigidas por mim. Juntei alguns comentários que identificam seus compositores (e os respetivos cantores), e que podem ajudar a contextualizar cada uma no tempo e/ou na substância.
Contudo não referi exaustivamente todos os meus colegas e amigos músicos que ao longo do tempo proporcionaram os resultados que agora se postam. Devo-lhes muito pela generosa cumplicidade com que interpretaram as minhas ideias.

Quero ainda referir o autor do som que se pode ouvir em muitas das gravações, o José Fortes. Para ele não tenho palavras, mas há muito tempo que nem ele nem eu precisamos delas.